Os homens são, em todas as culturas, muito sensíveis a possíveis repercussões de qualquer método sobre sua sexualidade. A resistência básica quanto aos métodos hormonais parece se basear em seu temor de ver sua estável situação hormonal alterada. Ao contrário das mulheres, os homens não passam por constantes alterações dos níveis hormonais com suas repercussões sobre o humor e o comportamento.
De acordo com o ginecologista e obstetra Marco Aurélio dos Santos, de São Paulo, a procura por métodos anticonceptivos hormonais masculinos, em seu consultório, é praticamente nula. "Não há demanda, praticamente. A raça masculina não se propõe nem a usar camisinha, muito menos a tomar hormônios. A anticoncepção ainda é, entre os casais, uma tarefa feminina", comenta. Para as mulheres, segundo o Dr. Marco Aurélio, a escolha é entre o seu corpo que vai tomar hormônios e o seu corpo que vai engravidar. Para os homens, a escolha é entre o seu corpo e o corpo do outro. "Não resta dúvidas de que a mulher toma para si esta responsabilidade", conclui o médico.
O Dr. Hans Recker, diretor da N.V. Organon, companhia farmacêutica dos países baixos e responsável pelos estudos, espera que em mais quatro anos se possa estabelecer as dosagens ótimas e avaliar a efetividade do método em um uso de larga escala. Assim sendo, em 2005 um medicamento hormonal masculino de baixos efeitos colaterais poderia estar disponível sob a forma de pílula ou de implante.
Em qualquer hipótese, não será o fato de um medicamento confiável de uso masculino ser efetivo como anticoncepcional, o cerne da questão. O problema será psicológico além de sistêmico. Os homens até o momento têm se recusado a mesmo remotamente arriscar qualquer método que venha a ameaçar em algo sua masculinidade. A mera informação de que o hormônio envolvido seja o mesmo da pílula feminina será um problema para os publicitários envolvidos em eventuais campanhas.
Até 1995 os casos em que foram achados métodos orais anticoncepcionais masculinos tiveram efeitos que bloquearam seu sucesso: toxidade, impotência (que requeria suplementação de hormônio masculino para reverter o efeito indesejado) e irreversibilidade.
Algumas tentativas voltaram-se então para meios químicos que não fossem originários de substâncias hormonais, esta foi uma das linhas seguidas pela RTI, pesquisa apoiada pelo Contraceptive Development do National Institute of Child Health and Development.
Projetos na North Carolina State University, Research Triangle Institute, Duke University e outras instituições vêm tentando achar as chaves para abrir os mistérios do sistema reprodutivo masculino.
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